Brasil já tem 30 startups voltadas para a saúde mental

Brasil já tem 30 startups voltadas para a saúde mental

José Guilherme Honorato se formou em ciência da computação, mas, em algum momento da sua vida, decidiu buscar novos horizontes. Nesse processo, com alguns dilemas em mente, resolveu buscar um auxílio na terapia. Apesar de fazer bem a ele, acabou passando por um processo desagradável: em uma de suas sessões, o psicólogo acabou marcando outro paciente, e esta confusão acabou despertando em Honorato uma ideia para empreender: a PsicoManager. Fundada em 2013, em Uberlândia, a startup de gestão de psicólogo ajuda profissionais a organizarem suas agendas, automatizarem cobranças e marcação de sessões. Em 2020, mais de 20 mil usuários ativos foram registrados na plataforma, que obteve um crescimento de 120% no mesmo período e faturou R$ 1.8 M ao longo do ano. E a tendência é essa popularidade se tornar ainda maior, acompanhando a busca por iniciativas que visam saúde mental e que oferecem soluções inovadoras e digitais — e é sobre isso que vamos falar nesta News!  
Após mais de um ano de pandemia e muitas pessoas lidando com quarentena, mudanças de trabalho, rotina, entre outros sentimentos, a mente se tornou um foco de atenção para muitas iniciativas. Resultado disso é o aumento da busca por terapias e acompanhamento psicológico, colocando a saúde mental em foco por no mínimo os próximos anos. O Distrito Dataminer mapeou 30 startups brasileiras voltadas para esta área, sendo 16 delas pertencentes à categoria de telemedicina, 4 de Gestão e Pep e 3 de Acesso à Informação. Grande parte destas empresas surgiu em 2016/2017, mas, no último ano, 2 novas healhttechs vieram à tona, a YouFeel e a De Cabeça; mas a tendência é que este número cresça ainda mais para acompanhar a tendência.  

Inside Healthtech Report [ASSINATURA] A equipe do Distrito apresenta o Inside Healthtech Report, a maior fonte de dados sobre o universo de startups de saúde do Brasil. Nele você encontrará análises de rodadas de investimento, as principais movimentações e tendências do setor, entrevistas com CEOs, informações sobre regulações do mercado e muito mais. Assine e obtenha um material exclusivo para você e a sua empresa tomarem decisões mais fundamentadas. Gigantes como Johnson & JohnsonDanoneUnimed e o Núcleo de Inovação do Hospital das Clínicas apoiam o Inside Healthtech!

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de pessoas que sofrem de ansiedade. São cerca de 18,6 milhões de brasileiros convivendo atualmente com esse problema — 9,3% da população. Já em relação à depressão, o País registra 12 milhões de pessoas com a doença — 5,8% da população, acima da média global, que é de 4,4%. Em 2020, o volume de investimentos em healthtechs de saúde mental no Brasil chegou a US$ 4.68 M, número dez vezes maior do que o de 2018 e mais do que o dobro do de 2019. Os números mostram como esse setor cresceu nos últimos dois anos: enquanto em 2018 houve duas rodadas de investimento com ticket médio de US$ 215 K, em 2020 foram cinco rodadas com ticket médio de US$ 936 K. Vale destacar que, em relação às startups de saúde em geral, esses aportes ainda são bastante modestos, o que indica um enorme potencial de crescimento para os negócios de saúde mental com base tecnológica no Brasil. A propósito: nesse dia 10 de fevereiro, o Zenklub anunciou um investimento de US$ 8.2 M (R$ 45 M) da portuguesa Indico e das brasileiras Kamaroopin e GK Ventures. Só esse único aporte já representa quase o dobro de todo o montante investido na categoria em 2020. O Zenklub é uma startup de serviços de bem-estar e saúde emocional fundada em 2016 pelos portugueses Rui Brandão e José Simões. Muito por causa da pandemia, o Zenklub viu sua base de clientes aumentar em cinco vezes em relação a 2019. Com o aporte, a healthtech quer ampliar a participação no setor de saúde emocional corporativa, segmento no qual tem parceria com mais de 200 empresas, Votorantim Energia, Natura, Qualicorp e Loggi entre elas. Também quer investir em personalização da experiência do usuário, como, por exemplo, dando dicas de como se comunicar melhor com os colegas de trabalho. Para Brandão, a pandemia tirou um pouco do convívio social das pessoas e as atingiu emocionalmente, o que acelerou a procura de consultas pelos canais digitais.  Isabela Bassani, psicóloga psicanalítica pela UNIFESP, também conta que a demanda por terapia online cresceu durante a pandemia. Bassani diz que os pacientes adotam essa modalidade de tratamento pela praticidade e segurança, já que não precisam sair de casa para realizar as consultas. Para ela, a terapia online tem pontos positivos e negativos. Por um lado, os pacientes que sofrem de ansiedade social se sentem mais à vontade em sua própria casa, em frente a uma tela de computador ou smartphone. Por outro, muitos enxergam o distanciamento social como um grande desafio. Contudo, ela não acredita que haja perda ou ganho no atendimento online, que é apenas diferente do presencial: ‘Funciona, acontece e está sendo adotado’. Essas e outras análises fazem parte do Inside HealthTech Report, o estudo mais aprofundado sobre o mercado de startups de saúde do Brasil. 

O Psicologia Viva é a maior plataforma de atendimento psicológico online da América Latina, com escritórios em São Paulo, Belo Horizonte e Santiago, no Chile. A healthtech surgiu em meados de 2015 para conectar pacientes a profissionais de psicologia e democratizar o atendimento psicológico. A empresa já chegou à marca de 10 milhões de pessoas atendidas e, atualmente, conta com aproximadamente cem empresas e convênios parceiros. Em março do ano passado, a startup recebeu um aporte de R$ 6 M do fundo Neuron Ventures, da Eurofarma, que apoia projetos de tecnologia com potencial de transformar o setor de saúde. Fabiano Carrijo Justino, cofundador e CEO do Psicologia Viva, conta que há mais um investimento em andamento para este ano. Neste mês, ele falou com a equipe do Distrito sobre o negócio:  

Como surgiu a Psicologia Viva e como os clientes estão respondendo ao serviço que oferecem? O Psicologia Viva já completou 5 anos de operação. Nós já nascemos com o propósito de levar saúde mental e emocional para o máximo de pessoas possível. Quando começamos, sabíamos que 50% das cidades brasileiras não tinham psicólogos, e existia um estigma social muito grande. Bem no início, fazíamos apenas intermediação de consultas. Daí fomos passando por diversos programas de aceleração — e de 2017 para 2018 fizemos alguns testes: como reduzir o estigma social? Por meio das empresas e operadoras de saúde. As pessoas têm o SUS, planos de saúde etc. Começamos a trabalhar com B2B — em 2018, começamos a trabalhar com a Porto Seguro, e daí vieram outras. As empresas começaram a perceber que, quando ofereciam terapia, não estavam apenas oferecendo mais um benefício: elas estavam também observando redução do absenteísmo, redução do turnover (rotatividade de pessoal), aumento da retenção de talentos etc. Quando você oferece terapia, você ajuda o colaborador a ser mais concentrado, a ter uma relação melhor com a família, com ele mesmo e por aí vai. O modelo empresarial cresceu muito. Fechamos o ano de 2020 com pouco mais de 100 empresas parceiras. Começamos a calcular literalmente em valores para as empresas: ‘O quanto isso representa de benefício após a contratação desse serviço?’ — e percebemos que não era pouco. O que você enxerga como tendência em saúde mental? O Brasil é um país muito humano, muito receptivo. Se você for comparar com outros países, percebe que lá fora é tudo muito mais individualista. Não vamos tentar substituir aqui o trabalho do psicólogo, mas sim trabalhar para desenvolver cada vez mais ferramentas para auxiliar o trabalho desse profissional. Dando um exemplo na prática: o reconhecimento de emoções é algo muito interessante. O sistema ajuda a reconhecer emoções por meio do vídeo. Estamos trazendo essas tecnologias para identificar mais sentimentos e emoções, além da ideia da terapia guiada — o profissional indica a terapia guiada com um tema específico, e não necessariamente está presente nesse processo.

A Alice, startup de gestão de saúde individual, captou na última semana US$ 33,3 M em uma rodada Series B liderada pela ThornTree e Capital Partners. Com apenas 7 meses de vida, a healthtech já levantou um total de US$ 47,8 M até agor,a e conta com uma base de mais de mil usuários. O novo investimento será destinado para aumento de equipe e parceiros, fortalecimento do produto e ampliação do portfólio. O Magalu vacina 💉
A empresária Luiza Helena Trajano, fundadora do Magazine Luiza, lançou a iniciativa ‘Unidos pela Vacina’ para unir o setor privado em prol de eliminar a burocracia e carências que o Brasil venha a enfrentar para conseguir vacinar todos os brasileiros até setembro deste ano. A proposta é usar da influência e infraestrutura destas empresas para ajudar na logística e até com insumos para a vacinação. Alguns nomes de peso se uniram à causa, como Agência África, Febraban e Gol, entre outros. Saúde Mental na Nasdaq
A Talkspace, um aplicativo americano de saúde mental, vai abrir capital na bolsa e está avaliada em US$ 1.4 B. Entendida como uma crise global a ser combatida, a saúde mental está no foco dos investidores que estão apostando em iniciativas para enfrentar este mal. É uma das primeiras empresas do segmento a abrir IPO via SPAC.     E o nosso muito obrigado vai para… Todas essas corporações, que são mantenedoras do Distrito e apoiadoras dos nossos estudos e materiais.
Referência do conteúdo apresentado neste blog: [DISTRITO] Brasil já tem 30 healthtechs de saúde mental 🧠 (rdstation.email)
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