Healthtechs de Acesso à Informação levantam US$ 37.3M

Healthtechs de Acesso à Informação levantam US$ 37.3M

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Há 5 anos surgia a Neurobots, uma healthtech que em 2019 levou o V Prêmio Empreenda Saúde — apoiado pelo InovaHC — com um projeto de um exoesqueleto controlado pelo cérebro e que auxilia na recuperação de pacientes que sofreram um AVC. A startup também foi selecionada, no último ano, para o Impact Tank: um programa de mentoria do Itaú BBA e da Yunus que escolheu negócios de grande impacto social na área da saúde. Além disso, a startup foi a única brasileira do Global Social Ventures Competition (edição de 2019) e ainda levou o terceiro lugar da competição, sendo reconhecida mundialmente como um negócio de impacto social. E para provar que nem só de prêmios se gaba a empresa, a mão robótica desenvolvida pela Neurobots já acelerou a recuperação dos movimentos de pacientes em 30% quando comparada aos métodos convencionais de tratamento.



De acordo com uma pesquisa realizada em 2018 pelo Datafolha, 96% dos usuários de planos de saúde do estado de São Paulo já enfrentaram problemas com a utilização dos seus serviços. Dentro desse contexto de insatisfação geral com os modelos de planos tradicionais, surgiram healthtechs que oferecem propostas com foco na transparência para os pacientes e com muito menos burocracia. Essa dinâmica é bastante parecida com o nascimento de fintechs que, nos últimos anos, desafiaram os gigantes do setor bancário apostando na autonomia para o cliente e eliminação das ‘letrinhas miúdas’. Em 2020, a categoria de Acesso à Informação foi a que mais recebeu investimentos entre as startups de saúde: US$ 37.3 M.Como não poderia deixar de ser, a revolução tecnológica também foi protagonista no setor da medicina. Gustavo Scapini, líder médico da J&J Medical Devices Brasil, explica que os dispositivos médicos passaram a adotar a inteligência artificial para compilar informações anatômicas, fisiológicas e funcionais dos pacientes em tempo real e com precisão maior do que os próprios profissionais de saúde. A categoria de Medical Devices foi a segunda maior aposta dos investidores no ano passado, recebendo US$ 23.3 M ao todo. Em 2020, a medalha de bronze dos investimentos em healthtechs foi para a categoria de Gestão e PEP, que também tem tudo a ver com tecnologia. A adoção de Prontuários Eletrônicos do Paciente (PEP) trouxe uma verdadeira inovação administrativa para os sistemas de saúde, melhorando o gerenciamento do atendimento médico aos pacientes desde a primeira consulta até a prescrição dos remédios. A categoria de Gestão e PEP levantou US$ 12.5 M em aportes no ano passado.

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No mundo todo, 7,6 milhões de pessoas morrem de câncer anualmente. Em 2020, as healthtechs relacionadas à cura e/ou detecção do câncer receberam alguns dos maiores valores em investimentos. Para se ter uma ideia, 4 dos 5 maiores aportes do último ano foram realizados em startups de saúde desse tipo. No Brasil, a doença tira a vida de 200 mil pessoas por ano. Mas, infelizmente, só um único investimento foi mapeado dentro desta área em nosso país: a Celluris, que desenvolve tratamento personalizado para pacientes oncológicos, foi uma das startups participantes do programa de aceleração da Biotechtown em 2020.A Grail e a Thrive Earlier Detection são dois unicórnios americanos que estão desenvolvendo soluções para a detecção precoce do câncer. As duas startups foram adquiridas recentemente por grandes corporações de saúde por US$ 8 BI e US$ 2,15 BI, respectivamente. Hoje, os exames tradicionais de detecção do câncer (como a mamografia e a colonoscopia) buscam por um único tipo do tumor no paciente. Já essas healthtechs combinam tecnologia de ponta, ciência e estudos clínicos em larga escala para criar testes capazes de identificar vários tipos de cânceres e apontar sua localização no corpo da pessoa com alta precisão. Assim, os médicos conseguem agir antes que a doença se espalhe e apontar os próximos passos no tratamento. Chamados de Galleri Test e CancerSEEK, os estudos dessas empresas ainda estão em fase de testes. Mas é na certa um serviço que veio para complementar, e não substituir, os exames tradicionais específicos.

Qual tendência tecnológica vai dominar a medicina nos próximos anos? Conversamos com o Dr. Reginaldo Rena, médico dedicado ao estudo da prevenção de doenças e longevidade saudável, para saber um pouco mais da aplicação da telemedicina nos consultórios e no dia a dia dos profissionais de saúde e médicos em geral. Rena se especializou em nutrologia médica, tem habilitação em tratamentos ortomoleculares e é bachelor of science in naturology.

Quais foram as principais mudanças no setor da saúde após a epidemia da Covid-19? Como o dia a dia do consultório mudou e como a tecnologia ajudou em tudo isso? Quando a pandemia começou, o teleatendimento foi liberado. A assinatura eletrônica também foi liberada para que os profissionais pudessem pedir exames, pedir medicamentos – os laboratórios aceitaram, as farmácias aceitaram essa nova maneira de você poder prescrever as receitas aos pacientes. A tecnologia ajudou muito a gente – poder realizar um atendimento por câmera, apesar das limitações. Pelo menos conseguimos dar sequência aos atendimentos e não travar tudo de repente, até podermos voltar com o atendimento presencial. Em relação aos exames: muitas pessoas postergaram exames de rotina ou que estavam relacionados a outras doenças e acompanhamentos? No primeiro mês de pandemia, praticamente ninguém queria sair de casa para fazer e nós ainda tínhamos pouquíssimos laboratórios que faziam coleta domiciliar. Os que faziam coleta domiciliar estavam demorando de 1 mês e meio a 2 meses para atender à demanda. Foi um pouco difícil, ninguém estava preparado – os laboratórios não tinham funcionários preparados para coletar exames a domicílio e as pessoas também tinham medo de receber um funcionário que elas não conheciam em casa, principalmente porque sabiam que esse mesmo funcionário estava indo em várias outras casas colher material de possíveis infectados. Já em relação aos exames de imagem, eu acabei suspendendo no início, porque realmente era muito complicado. Hoje, já existem laboratórios que estão fazendo ultrassom a domicílio – mas isso também não tinha, é uma novidade que a pandemia trouxe. Acaba tendo uma demanda reprimida de exames – tenho pacientes que até hoje, depois de meses de pandemia, não voltaram a fazer os exames de rotina – principalmente os de mais idade, que se sentem mais ameaçados. Sabemos que você participa de vários congressos de medicina e tem contato com vários outros médicos que estudam inovações. O que vê como tendência na medicina nos próximos anos? Algo que está chegando no Brasil em relação à tecnologia? Acho que as pessoas ainda não estão muito habituadas a essa questão da telemedicina no geral. Os pacientes voltaram a passar em consulta – migrou de volta pro presencial. Lá fora, disponibilizaram alguns kits para telemedicina, nos quais, por exemplo, você tem a possibilidade de fazer um eletrocardiograma no paciente, aparelhos que fazem medida da pressão – e o médico pode acompanhar tudo por um painel. Seria um avanço no uso dessa tecnologia, por exemplo. Para manter um tratamento à distância apenas vendo o paciente e conversando pelo vídeo, realmente é muito difícil dependendo da especialidade. Precisaríamos avançar no modelo.
Não rolou 🤷
Quando a Amazon, a Berkshire Hathaway e o JP Morgan criaram a Haven através de uma joint venture para reduzir os custos do sistema de saúde americano, todo mundo achou que haveria uma revolução no setor. Só que não: três anos depois, a Haven anunciou que vai fechar as portas já no próximo mês. Pois é: durante esse tempo, as três grandes empresas tiveram dificuldades de trabalhar de forma integrada. Além disso, o CEO da Haven, Atul Gawand, também acabou renunciando ao cargo. Isso não quer dizer que a Haven não fez nenhum progresso na área da saúde, claro. Nem que Amazon e cia. não vão continuar tentando reinventar o sistema de saúde dos EUA. Uma coisa é certa: dessa vez, não rolou. Crescimento x 10 📈
Rodrigo Correia fundou a Suprevida depois de uma difícil experiência com o pai, que sofria de câncer de intestino. Após perceber a dificuldade de encontrar bons cuidadores e enfermeiros particulares, assim como produtos específicos de saúde, Correia resolveu usar a tecnologia para inovar. Hoje, a Suprevida conta com mais de 2 mil produtos cadastrados em sua plataforma de 30 fornecedores espalhados pelo Brasil. Em setembro, a startup recebeu um investimento de R$ 1 milhão de um family office, que será usado para desenvolvimentos tecnológicos. A propósito: em 2020, a Suprevida cresceu dez vezes .
No final de 2020, a Athena Saúde acaba de comprar o Grupo Unihosp, maior operadora de saúde do Maranhão. A Athena já estava presente no Espírito Santo, Paraná e Piauí. Recentemente, a startup comprou uma operadora e um hospital em Natal, e ainda negocia outras duas aquisições no Nordeste. Hoje, a Athena tem 540 mil beneficiários, cinco operadoras, 47 clínicas e pronto atendimentos e oito hospitais, e se prepara para um IPO neste semestre.
Referência em: [DISTRITO] Fique de olho nas startups de saúde que mais se destacaram em 2020 (rdstation.email)
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