2020 foi o ano das Healthtechs?

2020 foi o ano das Healthtechs?

Hoje a Beep Saúde — uma startup de vacinação domiciliar — comemora 5 anos de mercado. Fundada no Rio de Janeiro, a healthtech já atua em São Paulo, Brasília e Curitiba, e conta com mais de 300 funcionários. Em agosto de 2017, a Beep recebeu um aporte de US$ 1,6M liderado pela DNA Capital e Inovabra Ventures. E já que estamos em clima de vacinação, hoje também é Dia do Abraço nos EUA, o que nos lembra que daqui a pouco vamos poder correr oficialmente pro abraço depois da imunização.  

Enquanto 27% da população brasileira vive no Nordeste (IBGE 2018), apenas 7% das healthtechs estão nessa região atualmente. Ainda mais carente, o Norte possui só 1% dessas startups. É bem provável que existam mais negócios nessas duas áreas que não foram mapeados, mas, mesmo assim, a desigualdade em relação à região Sudeste ainda é gritante: só o Estado de São Paulo possui 307 das 671 healthtechs em operação no Brasil. Dos novos negócios que surgem, a grande maioria também se localiza no Sudeste, o que aumenta a concentração mês a mês. Se 2020 foi um annus horribilis para a saúde pública em geral, foi ainda pior para aquelas regiões com grandes dificuldades de atrair investimentos para o setor da medicina.  

Desde dezembro, o maior aporte realizado no universo das healthtechs foi o da Canary, que investiu US$ 910,7 mil na Genial Care. Ao lado da Kaszek Ventures, a Canary foi o fundo que mais investiu em startups de saúde em 2020. Além de realizar um investimento compartilhado — na SouSmile —, esses dois VCs ainda escolheram investir forte na categoria de Acesso à Informação para seguir uma tendência observada nos últimos anos: a de aumentar a prevenção e conscientização do paciente em relação à sua própria saúde.    

A equipe do Distrito apresenta o Inside Healthtech Report, a maior fonte de dados sobre o universo de startups de saúde do Brasil. Nele você encontrará análises de rodadas de investimento, as principais movimentações e tendências do setor, entrevistas com CEOs, informações sobre regulações do mercado e muito mais. Assine e obtenha um material exclusivo para você e a sua empresa tomarem decisões mais fundamentadas. Gigantes como Johnson & JohnsonDanoneUnimed e o Núcleo de Inovação do Hospital das Clínicas apoiam o Inside Healthtech!

Um novo ano chegou e 2020 já ficou para trás, mas as expectativas continuam voltadas para o setor da saúde. A grande pergunta é: quais serão as principais tendências entre as healthtechs em 2021? Neste mês, nossa equipe examinou o banco de dados proprietário do Distrito para apontar o que acreditamos que vai acontecer (ou não) neste ano. Façam suas apostas! 1. Dificilmente sairá um unicórnio dentre as startups de saúde em 2021. Das healthtechs que tiveram investimentos apurados, a única exceção pode ser o Dr. Consulta, cujo valor de mercado foi estimado em US$ 457 M. No entanto, o valuation mal chega à metade do necessário (US$ 1 BI) para o negócio ser considerado um Unicórnio. 🦄 2. Provavelmente, acontecerão pelo menos 15 aportes acima de Series A. Chegamos a essa conclusão a partir de uma análise que relaciona o tempo médio de captação das healthtechs no mercado e também o crescimento de cada uma delas em particular. 3. Nos últimos cinco anos, o ticket médio dos investimentos dos estágios Seed, Series A e Series B vem aumentando (ver gráfico). Em 2021, é provável que esse crescimento continue em todos os três estágios. Para entender melhor esse movimento do mercado de healthtechs, nessa análise não foram considerados os valores extraordinários recebidos pela Dr. Consulta e Alice.

4. No ano passado, a inteligência artificial ganhou espaço no mercado por causa da sobrecarga de trabalho que os médicos tiveram de enfrentar durante o início da crise da covid-19. Atualmente, já são 58 startups de saúde atuando nessa categoria. Com o surgimento de novas tecnologias de ponta, esse número deve seguir aumentando ao longo de 2021. Só em 2020, US$ 565 M foram investidos no mundo em startups de saúde mental que utilizam telemedicina. Esse valor é quase seis vezes maior do que o total aportado na mesma categoria em 2016. Tudo indica que a saúde mental continuará em pauta neste ano, assim como os investimentos na área. Uma última previsão? Startups como a Vittude e a Psicologia Viva devem fazer novas captações em 2021!

A Consentimento foi criada para acelerar a realização de pesquisa clínica, organizando dados coletados no dia a dia das organizações de saúde, recrutando pacientes para novos estudos e ajudando a avaliar quais tratamentos criam mais valor para o sistema. Conversamos com o Guilherme Sakajiri, o Saka, fundador da startup, para entender sua visão sobre o cenário atual do setor de healthtechs e as perspectivas para os próximos anos:  

Entre as healthtechs, quais categorias têm mais chances de produzir o primeiro unicórnio brasileiro? Por quê? Acho que existem algumas características importantes para uma empresa alcançar um valuation tão alto: 1- Construção de vantagem competitiva/ barreira de entrada 2- Capacidade de internacionalização 3- Tamanho do mercado endereçável Dito isso, acredito que as principais categorias com potencial de produzir o primeiro unicórnio seriam: – Operadoras digitais: principalmente por causa do tamanho de mercado, este segmento é o que mais naturalmente deve produzir um unicórnio. Esta tese requer uma grande quantidade de beneficiários para ser rentável, então a empresa que de fato conseguir crescer mantendo a sinistralidade controlada inevitavelmente se tornará um unicórnio. – Redes de clínicas: apesar dos ganhos de escala e as barreiras de entrada não serem tão altos quanto em outras teses, a capacidade de oferta de serviços a preços justos pode tornar esses serviços essenciais, o que, somado a uma alta concentração de mercado, podem garantir alto poder de barganha para estas redes. Com alto volume de receitas e boa previsibilidade, mesmo sem múltiplos tão altos, uma startup nesta linha conseguiria atingir um valuation bilionário.  – Tech + Health: A criação de soluções SaaS (software as a service) que se tornem essenciais para o fluxo de atendimento em saúde também é uma avenida que poderia resultar em um unicórnio. Muitos dos sistemas de tecnologia em operação hoje, além de apresentarem limitações técnicas, não estão preparados para um modelo de saúde integrado e baseado na criação de valor, o que os tornam alvo para novos entrantes mais ágeis e com melhores arquiteturas.   Como anda o cenário regulatório e legislativo de saúde no Brasil em relação aos países mais bem-sucedidos do mundo nessa área? Eu quebraria a resposta para esta pergunta em 3 categorias diferentes: regulação de preços, transformação digital e privacidade de dados. Um dos temas que limita o avanço da assistência médica no Brasil é a regulação dos planos individuais. Sou a favor da atuação da agência regulatória para prevenção de abusos e garantia dos direitos dos indivíduos. Entretanto, a interferência direta nos preços inibe a competição e eventualmente acaba tendo o efeito oposto ao desejado. Mesmo tendo o privilégio de contar com o SUS como retaguarda para garantir um atendimento mínimo à população, um avanço na regulação seria importante para aumentar o alcance da saúde suplementar e, consequentemente, aumentar o nível de serviço para os indivíduos. Em relação à transformação digital, apesar de ainda existirem algumas limitações em temas importantes como a regulação sobre terapias digitais, acho que 2020 nos trouxe muito mais motivos para comemorar do que reclamar. No ano que passou, tivemos mudanças relevantes na legislação sobre prescrição eletrônica e telemedicina, além da publicação da Estratégia de Saúde Digital do Governo e lançamento da RNDS. Ainda existe uma ressalva de que algumas das alterações foram feitas somente para o período da pandemia, mas acredito que boa parte delas ainda irão perdurar. Por último, no tema da privacidade dos dados acredito que estamos em um cenário moderadamente favorável. Apesar de considerar positiva a aprovação da Lei Geral de Proteção dos Dados, por trazer proteção a um direito relevante dos cidadãos e por reconhecer a tutela da saúde como uma base legal para o tratamento dos dados, a ausência de uma regulação específica para o setor de saúde ainda deixa certos pontos mal definidos e traz insegurança jurídica para as organizações do setor. O que acaba servindo como fiel da balança é o fato da LGPD garantir o direito de portabilidade dos dados. No setor financeiro, este direito é o que viabiliza o open banking e permite que startups enfrentem os gigantes do setor. Na área da saúde, ao longo dos próximos anos, esperamos ver movimento semelhante com um grande aumento na liquidez e movimentação dos dados. Leia mais sobre o panorama do mercado de healthtechs no Brasil em uma série de três artigos que o Guilherme Sakajiri escreveu em seu site! Afinal, 2020 foi ou não foi o ano das healthtechs? Covid-19: A cura para o setor de saúde 2020, um novo começo para as healthtechs  
Quem falou que healthtech também não pode oferecer serviços financeiros? A Bionexo, marketplace que conecta hospitais e fornecedores da área da saúde, acaba de concluir uma participação majoritária da Avatar Soluções, de sistemas de gestão do ciclo de receita hospitalar (os valores da transação não foram divulgados). Faz sentido: afinal, hospital também tem que fechar o mês no azul.  Good ViBe
A healthtech de telemedicina ViBe Saúde acaba de receber um aporte de R$ 54 M em uma rodada liderada por investidores europeus. Durante a pandemia, a startup atualizou sua plataforma de consultas virtuais e gerenciamento de cuidados crônicos, chegando a atingir 600 mil downloads em apenas cinco meses. Com o investimento, a ViBe espera expandir seu serviço freemium. Vacinômetro 💉
Acompanhe em tempo real o número de vacinados nos 645 municípios do Estado de São Paulo aqui! O ‘vacinômetro’ online é alimentado com informações da plataforma digital Vacivida, que também armazenará o cadastro e controle das pessoas imunizadas.        

Referência do conteúdo apresentado neste blog: [DISTRITO] 5 tendências para 2021 no setor da saúde ⚕ (rdstation.email)
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